A cidade dentro da cidade

Feira de São Mateus

Fotografia: Dão e Demo

Fotografia: Dão e Demo

A antiga feira franca de Viseu

Atualmente conhecida como Feira de São Mateus (FSM), a feira franca da capital da Beira-Alta foi criada pela Carta de Feira concedida pelo rei D. João I, à cidade em 1392. Acontece, anualmente, nos meses de agosto e setembro, em datas sempre diferentes.

Segundo a Viseu Marca (entidade organizadora dos eventos culturais), em data ainda desconhecida, durante o reinado de D. João I, a feira passou a realizar-se na área da Cava de Viriato, onde existe uma estátua dedicada a Viriato - o líder mítico lusitano.

Fotografia: Paulo Cardoso

Fotografia: Paulo Cardoso

Fotografia: Paulo Cardoso

"A Feira é um pilar do concelho e um motor para a região"
Jorge Sobrado, vereador da Cultura, Turismo e Património

Mas, nem sempre foi assim. Em 1927, à beira de se extinguir, a organização da FSM "esforçou-se e colocou em marcha um projeto de renovação": criação de expositores, dinamização de concertos e concursos, implementação da tradição do fogo de artifício. As "grandes iluminações artísticas" remontam ao tempo do século XX, refere Jorge Sobrado.

Cartaz de publicidade à FSM em 1949. Fonte: Santa Nostalgia

Cartaz de publicidade à FSM em 1949. Fonte: Santa Nostalgia

Vídeo: Youtube Feira de São Mateus

Vídeo: Youtube Feira de São Mateus

Com 628 anos, a FSM continua a reinventar-se

"Estamos dispostos a investir mais na FSM", explica o vereador, ao referir que os viseenses e os turistas estão a assistir uma grande modernização, desde 2015.

Em maio, devido ao decreto do Conselho de Ministros que não autoriza festivais até setembro, a Viseu Marca cancelou a 628ª edição devido à pandemia Covid-19. Almeida Henriques, presidente do Município, reforça que em 2021 "Viseu vai receber a melhor edição de sempre".

Segundo a Viseu Marca, entre 2003 e 2005, no âmbito do programa POLIS, concretizou-se uma profunda reorganização do espaço e das infraestruturas da feira. Cristina Paula, presidente da Viseu Marca, relembra que esta intervenção fez desaparecer o "emblemático picadeiro” e os pavilhões de exposições, fazendo nascer o Pavilhão Multiusos da cidade.

Fotografia: Blog GALP

Fotografia: Blog GALP

A Viseu Marca nasceu em 2016, tornando-se a entidade organizadora da feira popular viseense.

"Demos um salto para criar uma feira mais atrativa em todos os pontos." Em 2015, o Município de Viseu deu início à revitalização e modernização da feira, alude Jorge Sobrado.

Deram-se alterações na programação, tornando-a mais atrativa para os jovens, e apostaram no aumento de publicidade.

A disposição do recinto é, segundo o vereador, a mudança mais "drástica e emblemática". Entre a aposta na conquista de novos públicos, em 2015 assistiu-se ao regresso do “mítico picadeiro” - a avenida que atravessa todo o recinto da feira desde a porta de Viriato até ao palco.

Fotografia: Global Imagens

Fotografia: Feira de São Mateus

Fotografia: Global Imagens

Fotografia: Feira de São Mateus

Ao entrar na FSM pela Porta de Viriato, os visitantes encontram um lugar para mini-concertos e exposições. Nas tardes de verão, Francisca Lopes, estudante viseense, revela que este é o local onde descansa depois de fazer o seu turno no stand das farturas.

Segundo Jorge Sobrado a organização tem reforçado, todos os anos, os investimentos nas infraestruturas da Feira. Desde os pórticos de luz até ao novo espaço de restauração, o vereador caracteriza o espaço como "uma cidade dentro de uma cidade".

Francisca Lopes foi "surpreendida" com a notícia do cancelamento da edição deste ano. Sabe que a saúde está em primeiro lugar, mas espera em 2021 conseguir "voltar a feirar. Muito provável já nem no verão vai haver eventos de rua por aí."

Por agora, Viseu cancelou a agenda cultural até 30 de junho. Jorge Sobrado sustenta que a Viseu Marca está a seguir "um princípio de reagendamento dos eventos".

Agora, soma-se a saudade

Este ano, as conversas sobre a Feira acontecem para recordar memórias. Francisca Lopes garante que já tem saudades de comer um chocolate Regina ou a "fartura quentinha".

Fotografia: Feira de São Mateus

Fotografia: Feira de São Mateus

Fotografia: Feira de São Mateus

Farturas, gastronomia portuguesa, chocolates Regina, enguias, carrosséis, venda de artesanato e uma roda gigante preenchem os dez hectares do Campo de Viriato.

Campo de Viriato em montagens, em 2019, para a FSM. Fotografia: Diário de Viseu

Campo de Viriato em montagens, em 2019, para a FSM. Fotografia: Diário de Viseu

Campo de Viriato em montagens, em 2019, para a FSM. Fotografia: Diário de Viseu

São entre 35 e 40 dias de música popular e moderna, que pretendem "atrair o público mais jovem, com destaque desde 2016", declara Jorge Sobrado. Em 2019, a organização anunciou que a FSM recebeu mais de um milhão de visitantes.

Inauguração da FSM, em 2019. Fonte: Estação Diária Viseu

Nem só de comida se faz a Feira. Pelo meio, encontra-se a venda de artesanato, equipamentos, automóveis, tratores e utensílios variados, de tapetes a garfos.

A FSM, com um cartaz multidisciplinar, tem distinguido o "Visitante 1 Milhão" porque o sistema de segurança instalado permite a contagem das pessoas. "Se a questão fosse apenas controlar o número de entradas para manter o distanciamento social, a Feira acontecia este ano", conta o vereador viseense.

Restituir a historicidade e a memória da feira popular tem sido o mote para a “operação de resgate, de sobrevivência e afirmação da guardiã das feiras populares”, sustenta o vereador. A Feira é uma "recuperação de memória".

O desafio económico do maior certame de Viseu

A "feira dos reencontros de Viseu" tem um volume de negócios superior a 80 milhões de euros. Jorge Sobrado destaca o crescimento de público alcançado nos últimos anos, o reforço da atratividade nacional e internacional, o aumento da notoriedade e da reputação do certame.

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Fotografia: ESEV - IPV

Fotografia: ESEV - IPV

Fotografia: ESEV - IPV