A invasão da música coreana em Portugal
O sucesso incontestável do Kpop

Alguns êxitos:
2NE1- I AM THE BEST
SHINee - Lucifer
Nos últimos anos, um fenómeno musical tem conquistado o coração dos jovens portugueses e tem-se espalhado por todo o país de forma impressionante. O K-Pop, abreviação para música pop coreana, encontrou o seu caminho para os ouvidos e corações dos fãs portugueses, criando assim uma comunidade apaixonada e vibrante.
Nesta reportagem, irá ser explorada a ascensão do K-Pop em Portugal e poderão mergulhar na cultura que o acompanha, desde o poder das redes sociais até aos eventos emocionantes que cativam os fãs. Preparem-se para uma viagem fascinante pelo universo da música coreana, aqui mesmo, em solo português.
Origem e história da Onda Hallyu:

Alguns exemplos de música Trot e de baladas:
Na Hoon-a a performar, "울긴 왜 울어", em 1982, nos prémios da KBS.
Ha Choon Hwa a performar "사랑하기에 x 물새 한마리x 강원도 아리랑" ,na KBS, em 1988
Song So-hee performa "눈물 젖은 두만강" no programa Immortal Songs 2 da KBS, em 2018.
Kim Yeon Ja a performar "Amor Fati", em 2019, na MBC.
Para um número crescente de jovens portugueses, a Coreia do Sul é mais do que um país em conflito com a nação vizinha ou o epicentro da tecnologia. É o berço do K-Pop, género musical que mistura várias sonoridades, efeitos visuais e coreografias diferentes, atraindo assim vários olhares dos mais curiosos.
Pode dizer-se que a história do K-Pop começou a surgir no final da década de 80 quando emergiu um movimento de valorização da cultura local. Até à data, os estilos musicais conhecidos e ouvidos pelo público eram baladas ou “Trot”(estilo mais antigo no país, influenciado por aspetos japoneses, ocidentais e coreanos) já que nessa altura haviam apenas duas redes de transmissão a Korean Broadcasting System (KBS) e a Munhwa Broadcasting Corporation (MBC).

Logo do canal de televisão.
Logo do canal de televisão.

Logo do canal de televisão.
Logo do canal de televisão.
Devido à censura dos meios de comunicação, estes dois sistemas de radiodifusão controlavam grande parte da música ouvida pelo público. No entanto, a censura foi diminuída e, a partir de 1987 com a rápida expansão da rádio e da TV, que nessa altura se encontrava na casa da maior parte dos sul-coreanos, a televisão começou a ter um papel importante para a apresentação dos grupos que apareciam.
E apesar de haver géneros musicais que não têm data de começo, com a música pop coreana a história acaba por ser diferente, visto que há uma data que marca o início do mais tarde ficaria conhecido como K-Pop.
O calendário marcava o dia 11 de abril de 1992, quando um grupo de hip-hop - Seo Taiji & Boys – se apresentou num canal de televisão com o seu single de estreia “I Know”.
A música de estreia do grupo acabou por subir até ao topo das tabelas musicais, mantendo-se durante 17 semanas em primeiro, um recorde que só viria a ser quebrado 15 anos depois. O grupo Seo Taiji & Boys a cada lançamento de música inovou com músicas escritas pelos próprios, além de desafiarem as normas e os padrões coreanos. Algumas das temáticas abordadas foram sobre a pressão social sentida pela camada jovem da população ou sobre angústia juvenil.
Quando o grupo se separou, em 1996, o panorama musical já tinha sido completamente remodelado com leis de incentivo à indústria musical e incentivos do próprio governo. O grupo abriu, ainda, espaço para que outros artistas que surgissem e pudessem continuar o seu legado, experimentando novos estilos sem medo.
Por esta altura, entre 1995 a 1998, surgiram, também, empresas de música para colmatar a demanda do público sul-coreano: SM Entertainment (1995), JYP Entertainment (1997) e YG Entertainment (1998), empresas que futuramente iriam ser a casa de grandes artistas do K-Pop.



H.OT. - Candy (1996)
S.E.S - Dreams Come True (1999)
Sechs Kies - Chivalry (1998)
god - One Candle (2000)
Alguns dos grupos que se vieram a formar por volta desta altura e sendo, por isso, considerados como a primeira geração do K-Pop foram H.O.T(1996), S.E.S(1997), Sechs Kies (1997) e g.o.d (1999). Todos estes grupos apresentavam uma combinação de canto, dança e rap único até à data. As gerações de K-pop são divididas de acordo com os anos em que os grupos estrearam no panorama musical.
A Onda Coreana (“Hallyu”), termo referente à popularização da cultura sul-coreana e utilizado pela primeira vez por jornalistas chineses após testemunharem o impacto da cultura sul-coreana na China, começou a ganhar forma nos anos 2000. Segundo Chul-Min Park, antigo embaixador sul-coreano, a onda coreana “expandiu-se para países vizinhos como o Japão, China e estados membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) através de telenovelas (K-Drama) e filmes (K-Film)”.
A verdade é que antes de chegar a este nível de expansão, a onda coreana passou também por várias fases de alcance regional. Atualmente, encontra-se no seu expoente máximo, abrangendo outras áreas e mercados como K-Pop (música pop coreana), K- Beauty (produtos cosméticos), K-Food (gastronomia coreana) e K-Language (alfabeto e língua coreana), acrescenta ainda o antigo embaixador sul-coreano.
Como é que este estilo musical veio parar ao território português?

Não é certo especificar um tempo ou uma data que dê início à ascensão do K-Pop em Portugal. Existem fãs que já ouvem este género musical há uma década e outros há um par de anos, mas é certo que houveram alguns acontecimentos marcantes que aproximaram o K-Pop ao nosso país.
Era o ano de 2009 e êxitos recentes, como “Haru, Haru” dos Big Bang, “Nobody” das Wonder Girls e “Abracadabra” das Brown Eyed Girls, tinham cativado o interesse dos países ocidentais, tanto que “Nobody” foi relançada em inglês. No mesmo ano, Girls' Generation lançava o seu segundo álbum de estúdio com a música principal “OH!” - apesar do sucesso de “OH!”, a faixa “Gee” foi um enorme estouro no país e nos territórios vizinhos.
Girl's Generation (SNSD) - GEE
E, embora nenhuma destas músicas tenha-se tornado um “hit” enorme no ocidente, ajudaram a onda coreana a espalhar-se e trazer novos fãs.




Há 10 anos, Park Jae-Sang, mais conhecido por PSY, fez história com o que até então era só mais uma canção. A 15 de Julho de 2012 lançou “Gangnam Style” no seu canal de Youtube e, num abrir e fechar de olhos, a música tornou-se um “hit” viral, batendo recordes de vendas e visualizações.
Este sucesso orgânico trouxe a PSY fama mundial, atuando na National Broadcasting Company (NBC) e nos American Music Awards (AMAS) e em muitos outros palcos, além de inúmeros prémios e prestígio. Se já havia alguns interessados na música oriunda da Coreia do Sul, depois deste “hit” era impossível ignorar e o país ficou marcado no mapa. Atualmente, em Junho de 2023 a canção conta com 4,8 bilhões de visualizações.
Vídeoclip de "Gangnam Style"
PSY - "Gangnam Style" no programa da NBC Today Show em 2012
Portugal não foi exceção à regra.

Inês Duque, é estudante, tem 21 anos e fala-nos de uma das suas paixões, o K-Pop. Começou a ouvir em 2014 e, apesar de ter passado quase uma década, ainda se recorda da primeira música que ouviu,“Haru Haru” dos BigBang. A estudante, que sempre esteve ligada à dança, revela que o que a atraiu mais neste fenómeno foram as coreografias.
Foi bailarina durante oito anos num Conservatório de Artes, até se retirar devido a uma lesão, e por isso expressa que não foi difícil sentir-se cativada pelas coreografias dos vários grupos de K-Pop que ia descobrindo. O amor pela dança e pela música pop coreana reuniu-a com mais três amigas e rapidamente criaram um grupo de covers as H1Rebel.
“Acho que este grupo deu-me a oportunidade de continuar a fazer algo que gosto, que é a dança, e deu-me ainda mais vontade de conhecer a cultura coreana”.
“Acho que, no geral, eu sinto me cativada pelo facto de muitas delas se assemelharem ao estilo contemporâneo que em tempos tive oportunidade de aprender e de dançar.”

BTS - Airplane pt.2 -Japanese ver.
Maria Marques, estudante de 19 anos, tem como grupo favorito os BTS, o grupo mais famoso da atualidade. Descobriu-os enquanto observava vídeos na plataforma Youtube, a primeira música que se lembra de ouvir foi “Airplane pt.2” versão japonesa. O que a fez gostar e descobrir mais sobre o que era o K-pop foi, no entanto, o dance practice de “Baepsae”.
BTS - BAEPSAE
Também Diana Leite, 19 anos, é admiradora deste estilo musical. Descobriu o K-Pop em 2017, mas só um ano depois é que começou a acompanhar. Foi através de “Fake Love” do grupo BTS que encontrou conforto e depois por lá ficou - “é como dizem tu no início vais só dar uma vista de olhos e depois, olha, não consegues sair mais”. O que a fez ficar por dentro do género foi algo espontâneo.
“Parecia que tinha encontrado finalmente uma coisa que eu gostava mesmo de ouvir, coreografias viciantes que me faziam ficar horas a ver e o facto de as letras serem incríveis. Sem falar das gargalhadas e da diversão”.
Inês Francisco, de 21 anos, que atualmente se encontra a estudar Tradução e Interpretação Português/Chinês -Chinês/Português,encontrou o K-Pop por mero acaso, em 2016, quando escutou a música “Dope” dos BTS que os colegas de turma estavam a ouvir.
BTS - DOPE
“Foi a minha primeira exposição à música coreana fora a Gangnam Style do PSY e o interesse foi demasiado grande para ignorar.”
Fascinada e apaixonada por este tema, a estudante revela que nunca se contentou em “ficar apenas à superfície de algum tema”. Por isso, Inês, tem nos últimos anos “procurado saber tudo o que conseguir acerca deste género musical e acerca dos vários artistas que escolhem perseguir este género de carreira”.
Uma das razões que a fez continuar a interessar-se por este género musical foi o fator linguístico: "Eu gosto de vários géneros de música, e isso inclui música de vários países em línguas algo diversificadas.
“Para contexto, uma das minhas bandas favoritas é da Eslovénia e um dos meus cantores favoritos é da Bulgária. E, ainda, que existe a componente de performance o que cativa sempre os curiosos. Mas para Inês não existem só coisas boas.”

Estante de Mangá ©Google Images
Estante de Mangá ©Google Images

Sailor Moon, anime que passava no canal Panda. ©Comunidade Cultura e Arte
Sailor Moon, anime que passava no canal Panda. ©Comunidade Cultura e Arte

©SAPO
©SAPO
Elas são apenas quatro, mas existem milhares de pessoas iguais a elas. Os grupos de K-Pop representam, para muitos, esperança, sonhos, conforto, alegria e muito mais.
Não existe uma fórmula exata para a expansão e popularidade,depende de vários fatores. Para Inês Duque a cultura asiática sempre esteve dentro da cultura portuguesa, desde os animes (cinema de animação japonês), transmitidos pela televisão, até aos mangás (livros de banda desenhada).
“Desde pequenos que somos “bombardeados” com cultura asiática sem nos apercebermos, então acredito que não haja tanta estranheza ligada ao K-Pop em Portugal.”.
Já Maria aponta outros fatores de expansão como, por exemplo, a geração Z que tem uma mentalidade mais aberta, justificando que “a sociedade está a crescer, a diversificar os seus gostos”. Também a pandemia Covid-19 foi apontada como um grande fator do crescimento deste estilo musical. A estudante revela que, no caso dela, foi o que lhe aconteceu.
“Eu, ainda, entrei [neste “mundo”] um ano antes do Covid-19 ter começado, mas sei que durante os dois anos de pandemia, em que estivemos em casa, consumi imenso conteúdo tanto a nível de K-Pop como de cultura sul-coreana.”
Em 2020 o grupo BTS lançou o single “Dynamite”, música que precedeu o lançamento do seu quinto álbum de estúdio- “BE”- onde a temática principal era os sentimentos dos membros do grupo durante a pandemia do Covid-19.
Dynamite foi um sucesso comercial e acabou por atrair mais olhares por ser uma música completa em inglês. Para Maria, o single rendeu ao grupo algumas críticas por ser algo mais “mainstream” e “genérico”, no entanto Maria não esconde que isso ajudou a música a tornar-se mais popular.
“Por exemplo, as rádios portuguesas como a RFM ou a Rádio Comercial passaram essa música mais do que uma vez, além de ter ocupado o top 10 da Rádio Comercial durante algum tempo”.
BTS - Dynamite
Quem são os fãs de K-pop em Portugal?


Logo da organização K-Pop Covers Portugal
Logo da organização K-Pop Covers Portugal
A K-Pop Covers Portugal (KCP) é uma organização fundada por 3 fãs deste género musical e da cultura sul-coreana. Esta organização tem como objetivo a partilha de covers de K-Pop de grupo e solos de Portugal, de modo a fazer crescer o número de entusiastas. Segundo a KCP, “se a pergunta fosse feita em 2015, a resposta seria que a faixa etária estaria entre os 12-25 anos, mas tal já não se aplica.”
“Claro que a maioria continua a encaixar-se nesses números, mas a verdade é que o K-Pop em Portugal tem quebrado todas as barreiras de idade possíveis. Desde mães e filhas a "lutar" pelo mesmo bias [membro favorito do grupo] a crianças no 1º ciclo, não existe limite”.
Já Inês Duque, também, concorda que não há maneira de limitar uma faixa etária já que “há música para todas as idades devido à panóplia de estilos e temas dentro do K-Pop que podem ir desde o rock até ao infantil”.
“Felizmente não há um perfil específico” afirma Maria Marques. “Há sempre uma ideia de que os fãs de K-Pop são extremos, ou seja, por exemplo, uma menina com sweat cor de rosa estampada com o símbolo do grupo e um estilo muito puxado ao asiático, mas não é bem assim.” , continua a estudante. Maria faz ainda um comentário de que “há excentricidades como em todas as comunidades de fãs, mas também não é por aí”.
Maria revela que, durante um evento organizado pela mesma, em Braga, chegou a encontrar uma mãe e filha à procura de um photocard (fotos colecionáveis de artistas). Ao perguntar à mãe se estava a escolher para a filha, a senhora respondeu-lhe que era para ela e que a filha tinha outro bias.
Desde crianças até adultos, é possível observar a disparidade de idades. K-Pop não é só de miúdos, muito menos só para graúdos. É algo que se pode apreciar em todas as idades.
Papel das redes sociais na propagação deste fenómeno

As redes sociais são facilmente apontadas como um dos fatores promotores da expansão do K-Pop. Se outrora os grupos das gerações antigas de K-Pop demoravam a alcançar um público maior, atualmente basta alguns cliques para encontrar as músicas e informações sobre os grupos.
É no Youtube que, para muitos, a magia acontece. Para Maria, Diana e Inês Duque foi assim que descobriram a sua paixão. No entanto, não é só no Youtube que tal pode acontecer. Atualmente, pode-se ter e manter contacto com esta cultura em qualquer plataforma . Inês Duque nomeia as plataformas Instagram e Twitter como as mais ativas no contacto entre ídolos e fãs,visto que “são plataformas que permitem a publicação de fotos e a tradução de textos”, suprimindo a barreira de linguagem.
A jovem acrescenta, ainda, que existem outras aplicações como o - WEVERSE - plataforma inovadora que aloja uma grande variedade de conteúdos gratuitos e por subscrição e que é feita especialmente para os artistas e fãs interagirem uns com os outros. Weverse foi a primeira aplicação a ser criada para esse efeito. Antigamente havia o que era chamado de fancafe, uma espécie de fórum onde a comunicação não era tão direta e servia, resumidamente, para os artistas compartilharem a sua agenda, cartas para os fãs e informações gerais.
É um sentimento especial para Maria Marques encontrar pessoas com os mesmos gostos. Esta recorda que se deparou com um acontecimento quando conheceu uma amiga ao entrar para a faculdade.
“Simplesmente vi o ícone de fotografia de perfil dela e tinha um dos bonequinhos desenhados pelos BTS (BT21) e a minha reação foi [Oh meu deus!] vou lhe mandar mensagem porque sei que vamos ter um elo de ligação, vamos ter algo que nos conecta”.
As redes sociais servem para partilhar o amor pelo K-pop e se conectar a pessoas que sentem o mesmo.
Para Maria, uma plataforma indispensável aos fãs de K-Pop é a plataforma Twitter. Porque, “facilmente podes responder e ver, além de partilhar fotos e vídeos” dos seus bias. As redes sociais acabam por interligar os fãs ao redor do mundo. É nessa plataforma, principalmente, que são encontradas as fanbase - páginas criadas com o intuito de apoiar e dar a conhecer X artista ou X grupo.
Maria revela que, em tempos, também ela foi uma dessas pessoas, tendo criado o projeto “Magic News PT” que, atualmente, se designa “Magic Gallery”, juntamente com uma amiga. Através dessa fanbase entrou em contacto com pessoas de diferentes países, como dos Estados Unidos da América (EUA), de Espanha e de França. Mas não fica por aí, o TikTok - plataforma de vídeos de curta duração - também tem ganhado força nos últimos anos.



Mas não é só nas redes sociais que acontece magia. Organizados por amantes da cultura, existem por todo o país eventos que acabam por atrair olhares de desconhecidos. Para Maria Marques é fácil enumerar alguns eventos. Existem eventos como Cupsleeve - os fãs juntam-se para celebrar aniversários, lançamentos de álbuns entre outros. Dá o exemplo da K-Events em Coimbra que está a divulgar e a promover eventos deste género e afirma que dia 8 de Julho já tem ida marcada para ir a uma Cupsleeve do grupo Stray Kids na Bubble Factory em Coimbra.
Já Inês Duque, consegue rapidamente pensar em alguns exemplos como cafés e restaurantes dedicados a esta cultura - a “Yohoshiro”, em Lisboa - ou o KCAP, abreviação de K-Pop Cover Awards Portugal, uma gala de prémios que visa enaltecer a comunidade de coverists em Portugal e onde são premiados os melhores covers feitos durante o ano. O evento anual é realizado pela K-Pop Covers Portugal (KPC) e a cada edição o sucesso é maior.
Wonder Aka, co-CEO da KPC, explica os vários tipos de eventos que podem acontecer: “Há os Meetings, estes são organizados por fãs ou fandoms de um artista em específico e resumem-se a um convívio que inclui várias atividades como concursos de dança, random play dance, artesanato.”
Depois existem os “Random Play Dance, que consistem num set de músicas aleatório e os fãs juntam-se para dançar as coreografias das músicas que conhecem”.
Aka refere que, apesar da pandemia, o projeto não foi afetado e todos os membros recorreram a métodos online para se manterem conectados, como por exemplo o ICED K-OFFEE.
A embaixada portuguesa promove também alguns eventos culturais como a Festa da Cultura Coreana, acrescenta a co-CEO da KPC. Ainda existe o K-Pop World Festival, concurso internacional organizado pelas Embaixadas da Coreia espalhadas pelo mundo que oferece ao vencedor de cada país uma oportunidade de representar o mesmo na final que se realiza na Coreia.
No ano passado, foram os CNP que venceram o K-Pop World Festival, na categoria de dança com a música “Do it like this” dos P1 Harmony. Já na categoria de canto, a vitória foi das XCIX, que interpretaram “Maison” das DreamCatcher.
Wonder Aka finaliza por referir o evento que o seu grupo apresenta, o KCAP. A edição de 2023, esteve, mais uma vez, esgotada. O evento completo está disponível no canal de Youtube do grupo do KCP. Algumas das vencedoras do evento foram: na categoria de Best Cover de 2023 Footwoork - B.I X Soulja Boy - BTBT (Feat. DeVita). No canto o prémio foi para Salo - S.E.S.- Dreams Come True. O resto dos vencedores desta edição podem ser encontrados aqui.
O lucro da indústria deve-se aos fãs
Segundo dados da Research and Markets, o mercado por detrás da indústria musical coreana, que, em 2021, foi avaliado em 8,1 bilhões de dólares, está projetado para atingir 20 bilhões de dólares em 2031. Assim, numa indústria que gera tanto lucro, há espaço para comportamentos abusivos.
Inês Francisco revela que há motivos, como a forma que os ídolos por vezes são tratados, que a fazem não gostar da indústria.
“O gosto que tenho por este género de música é maior do que o meu desgosto pela indústria, o que faz com que continue a ouvir K-pop diariamente”.
Realmente é preciso notar que, assim como outros produtos, o K-Pop também o é. Assim, este é vendido em forma de CD, merchandising, álbuns (que incluem vários brindes), concertos ou fanmeetings (evento realizado pelas empresas em que os ídolos recebem os fãs, assinam autógrafos e recebem presentes). Antigamente, em Portugal era raro encontrar merchandising dos ídolos coreanos nas lojas. No entanto, atualmente há secções inteiras dedicadas a este tema.
Segundo Inês Francisco os álbuns e merchandising oficial são difíceis de encontrar, e, usualmente, são mais caros. O preço, que por vezes pode ultrapassar os 40 euros, explica-se pela distância geográfica e pelo conteúdo em si. Ao contrário do ocidente em que na compra de um álbum vem apenas o CD e a lista de músicas, na Coreia existe todo um trabalho por detrás de cada lançamento musical. Desde sessões fotográficas até ao planeamento pormenorizado da temática e do conteúdo - podem ser encontrados adesivos, posters, photocards que estão presentes dentro dos álbuns.