Centro de Documentação 25 de Abril
Preservação da História para futuras gerações
Criado em 1984, pela Universidade de Coimbra, o Centro de Documentação 25 de Abril (CD25A) é um dos mais importantes arquivos nacionais da história portuguesa do século vinte. Atualmente, ultrapassa já os quatro milhões de documentos, sendo que, neste ano, a propósito das comemorações do cinquentenário da Revolução, o espaço registou um aumento expressivo quer ao nível de doações, quer ao nível de visitas.
À medida que o CD25A se aproxima do seu 40º aniversário, a reflexão sobre o percurso percorrido é inevitável. Desde a sua criação em 1984, o centro tem sido uma peça-chave na preservação da história do 25 de Abril. A estratégia inicial foi clara: reunir documentação dispersa e criar um local centralizado para a sua organização e disponibilização.
Maria Cristina Freitas, a diretora do centro, explica que os primeiros acervos, vastos e intimamente ligados ao movimento do 25 de Abril, foram apenas o início. Hoje, o centro orgulha-se de contar com cerca de quatro milhões de documentos, resultado de doações de mais de 480 benfeitores. Esta coleção abrangente inclui documentos que contextualizam e complementam a história da democracia portuguesa, reforçando a importância de manter viva a memória da Revolução dos Cravos.
Cristina Freitas salienta ainda que a documentação recolhida não se limita apenas ao 25 de Abril. "Temos expandido o nosso acervo para incluir documentos que contextualizam e complementam a história da democracia portuguesa". O centro empenha-se em melhorar a acessibilidade e a divulgação do seu acervo, utilizando o seu website e outras plataformas para tornar a documentação disponível ao público. Este esforço garante que as gerações futuras possam compreender a relevância deste período transformador.
As novas doações continuam a enriquecer o já vasto repositório de documentos históricos do centro. Maria Cristina Freitas menciona com entusiasmo a receção de um registo sonoro de um comício do Padre Max, que rapidamente despertou o interesse de investigadores. Além disso, fotografias de emigrantes em Paris e Londres, retratando celebrações e eventos políticos, acrescentam uma dimensão internacional à coleção.
A diretora destaca a diversidade geográfica das doações, que inclui negativos fotográficos encontrados num sótão em França e documentação trazida por emigrantes de Inglaterra. Cada objeto e documento recebido enriquece ainda mais o acervo, proporcionando novas oportunidades de investigação e compreensão.
O centro também acolhe objetos únicos que carregam histórias importantes. "Na semana passada, recebemos três canecas de um senhor de Aveiro, que foram utilizadas em eventos políticos proibidos que ocorreram em Aveiro. Estes eventos eram congressos quase impossíveis de acontecer e aconteceram duas vezes em Aveiro, pouco antes do 25 de Abril", conta a diretora do centro.
Mesmo, atualmente, em menor quantidade, as fotografias continuam a ser adições valiosas ao acervo. "As fotografias são especialmente interessantes e muito ricas. Elas vão completar algumas coleções que já possuímos, sendo diferentes daquelas que já temos", destaca.
A Drª. Joana Moreira, arquivista do centro, delineia o papel singular e a evolução deste repositório ímpar de conhecimento, destacando a expansão do intuito do CD25A ao longo dos anos, abarcando uma variedade de temas e assuntos.
A abordagem do centro é profundamente inclusiva, refletida na sua conceção como um "arquivo total", destinado a abrigar não apenas documentos diretos do 25 de abril, mas também uma miríade de expressões da vida política, social e cultural da época. "O CD25A transcende as fronteiras convencionais dos arquivos, capturando a essência multifacetada de uma era marcante na história de Portugal", observa a Drª Joana Moreira.
O compromisso do CD25A com a acessibilidade e a disseminação do conhecimento é notável, manifestando-se numa abordagem moderna e proativa. "Estamos empenhados em garantir que a nossa riqueza documental seja facilmente acessível ao público, utilizando plataformas online e outras ferramentas contemporâneas", enfatiza a Drª Joana Moreira.
A Drª Joana Moreira partilha como estas parcerias têm enriquecido o trabalho do centro e ampliado o alcance da sua missão. "Este ano, num momento tão especial como o 50º aniversário do 25 de abril, o centro tem tido a oportunidade de colaborar com diversas entidades em uma série de iniciativas", destaca a Drª Moreira. Estas colaborações abrangem uma ampla gama de projetos, desde obras literárias e reportagens jornalísticas até exposições, como é o caso da bienal de Coimbra e da exposição na embaixada de Portugal em Roma.
"Sempre que possível, respondemos aos pedidos de colaboração, incluindo empréstimos de documentos e objetos que fazem parte do nosso núcleo museológico", explica. Esta abordagem colaborativa tem permitido ao centro expandir o seu impacto e partilhar a história do 25 de abril com um público mais amplo.
Além de emprestar peças para exposições externas, o centro também tem sido o ponto de partida para iniciativas locais, como a exposição "25 de Abril ainda há história para contar", atualmente em exibição na Caixa de Crédito Agrícola em Alcobaça. Esta exposição destaca a riqueza e a diversidade da coleção do centro, oferecendo aos visitantes uma visão envolvente e informativa do período revolucionário.
A arquivista revela que,"este ano, pela primeira vez e de forma gratuita, o centro disponibilizou um grande número de exposições itinerantes". Estas exposições têm sido um recurso valioso para escolas, municípios, associações e outras entidades, permitindo o acesso a conteúdos educativos e culturais sobre o 25 de abril e temas relacionados.Além disso, o CD25A tem desenvolvido um serviço educativo informal, oferecendo empréstimos de documentação e exposições concebidas para explorar uma variedade de temas. "Com uma oferta de 30 diferentes tipos de exposição, associadas a temas diversos, o centro procura alcançar locais descentralizados, onde o acesso a este tipo de conteúdo pode ser limitado", explica a. Esta abordagem inclusiva e descentralizada reflete o compromisso do centro em levar a história e os valores da Revolução dos Cravos a toda a sociedade.
O Centro de Documentação 25 de Abril mantém-se como um ponto de referência essencial para investigadores, historiadores e todos os interessados em compreender melhor os eventos que moldaram a história contemporânea de Portugal. Através do seu trabalho incansável, assegurando que as memórias e lições da Revolução de Abril continuam a inspirar e educar gerações presentes e futuras.
A Diretora Maria Cristina Freitas sublinha a importância do centro na coleta e organização de documentos que, anteriormente dispersos, encontram agora um lar onde são preservados e tornados acessíveis.
Por sua vez, a Drª Joana Moreira realça o papel educativo do CD25A, destacando as exposições itinerantes e a colaboração com várias entidades para celebrar o cinquentenário do 25 de abril. Estas iniciativas não só levam a história às comunidades mais distantes como também reforçam a missão do centro de educar e envolver a sociedade civil.
O centro, com a sua abordagem inclusiva e multifacetada, continua a ser um farol de conhecimento e memória, assegurando que as lições e valores do 25 de abril permaneçam vivos e acessíveis para todos. Através do seu trabalho incansável, o centro honra o passado enquanto ilumina o caminho para as futuras gerações, reforçando a importância da democracia e da liberdade em Portugal.
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