Língua Gestual Portuguesa

A nova visibilidade da Comunidade Surda em Portugal

"MusicSign"/Google Images

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Com a presença recorrente da pandemia de Covid-19 no nosso cotidiano e a tomar conta da agenda dos média, novas medidas foram tomadas. A necessidade de informar todas as pessoas do país, incluindo aquelas que não podem ouvir, foi exigida aos meios de comunicação e dessa mesma forma o intérprete saiu do pequeno quadrado a que estávamos habituados a vê-lo e agora posiciona-se ao lado do Governo a traduzir, através de gestos, tudo o que é dito em plena conferência.

Conferência da DGS/Google Images

Conferência do Presidente da República/Google Images

Conferência de António Costa/Google Images

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Conferência do Presidente da República/Google Images

Conferência de António Costa/Google Images

Não só a Comunidade Surda ganhou um novo destaque como também agora surgiu um novo interesse pela "língua-mãe" do surdo, a Língua Gestual Portuguesa. É de notar que, com a presença de um intérprete a ocupar agora uma maior parte do ecrã da televisão, começou-se a dar uma maior atenção para o que este profissional faz.

Mas nem tudo foi fácil. São poucos os recursos que existem para a ajuda da compreensão da L.G.P. contando apenas com dois dicionários desta língua publicados. Além disso, o número de intérpretes é escasso e a maioria das pessoas ouvintes não dominam nem sabem o básico para comunicar com o surdo o que, tendo em conta que a quantidade de pessoas surdas no país é cada vez maior, torna a tarefa mais difícil e a Comunidade Surda perde a sua visibilidade.

Para Sofia Figueiredo, uma das intérpretes que podemos encontrar nas conferências governamentais, afirma numa entrevista ao Público que "é fundamental que a informação chegue às pessoas surdas, para se protegerem e protegerem os outros. É preciso ouvir a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) e a Federação Portuguesa das Associações de Surdos, que recomendam que se há um intérprete no local este deve ser captado e não só em janela. Há pessoas que não têm internet, não podem ver as comunicações escritas, só têm acesso à informação através da televisão. Estou a pensar nas prisões, nas casas de abrigo, nas vítimas de violência doméstica, nos lares de crianças e jovens em risco, só para dar alguns exemplos. A televisão é o meio mais fácil de chegar a toda a gente e continua a haver operadores de câmara que se esquecem de captar o intérprete de língua gestual portuguesa, não percebendo a necessidade de acesso à informação para que estas pessoas se protejam e protejam os outros".

Contudo, essa noção já foi afirmada em pleno Parlamento e alguns políticos lutam para essa conquista. A 21 de maio de 2020 duas deputadas, Paula Santos do Partido Comunista Português (PCP) e Cláudia Bento do Partido Social Democrata (PSD), ambas intervieram, a favor, no debate da Petição pela contratação de intérpretes de Língua Gestual Portuguesa para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que estava prevista desde 2019.

Ainda segundo o artigo do Público, Luís Oriola, intérprete, acredita que esta visibilidade poderá dar início a uma maior sensibilidade da comunicação social. "É uma sensibilização que nós próprios temos de ir fazendo e já tem dado origem a discussões, mas noto que cada vez mais há mais compreensão e aceitação da necessidade de tornar visível a tradução para a Língua Gestual Portuguesa", confessa.

O futuro da L.G.P. e da Comunidade Surda em Portugal indica terminar da melhor forma contudo, ainda não se pode ter a certeza do rumo que vai tomar. Apenas se pode esperar que as pessoas se sensibilizem mais neste assunto e que ajudem na integração da pessoa surda no resto da sociedade.