O ISOLAMENTO

Os idosos, a solidão e a pandemia

Retirado de Facebook Centro Social Paroquial de Romariz

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Desde 2020 registou-se um maior impacto na saúde física e mental dos idosos devido à covid-19. Agora em 2022, com o atenuar dos perigos da pandemia e com o fim de muitas restrições, será que estes mesmos idosos se encontram com mais qualidade de vida?

Uma dor silenciosa, a solidão entranha-se naqueles que já experienciaram uma vida inteira. Os idosos são esquecidos pela correria daqueles que vivem o seu inquieto quotidiano. Uma pandemia mundial veio assombrar aqueles que já estavam em sofrimento. A covid-19 criou novos costumes e maneiras. O isolamento e a falta de contacto foram duas delas, o que abalou ainda mais os idosos, que já se sentiam sós e tristes mesmo antes da pandemia.

Centros de dia

Ao contrário dos lares, os centros de dia foram decretados a encerrar devido à covid-19. Este encerramento levou a que centenas de idosos perdessem o contacto social a que estavam habituados.

Os centros de dia são até hoje o ponto de encontro para o convívio: jogar às cartas ou ao dominó, almoçar com companhia e a oportunidade de poder conversar com outros utentes ou até mesmo com os seus funcionários.

Maria de Fátima Sousa de 46 anos, trabalha no Centro Social e Paroquial de Romariz. Uma funcionária que disse ter “bastante carinho por todos os utentes”. Maria de Fátima passou a fazer entrega de refeições ao domicílio depois do encerramento do funcionamento normal dos centros de dia. Ao ser questionada sobre as dificuldades em executar o seu trabalho com as novas regras sanitárias, Fátima afirmou estar a ser “muito complicado trabalhar com todas as coisas que temos de usar, principalmente a máscara, que só se pode tirar na hora de almoço”.

Os centros de dia são fundamentais para o bem-estar físico e mental de todos os idosos, o que poderá ter caído no esquecimento mesmo antes de iniciar a pandemia mundial provocada pela covid-19.

Atualmente os centros de dia encontram-se totalmente funcionais, no entanto, ainda decorrem com algumas restrições. O material de proteção ainda é obrigatório para os funcionários e os idosos ainda são obrigados a usar máscara.

Maria de Fátima conta as diferenças entre o ano passado e a atualidade.

A funcionária afirmou sentir que os utentes melhoraram com a abertura presencial do centro de dia, bem como com o aliviar das restrições relativamente à covid-19.

Alguns idosos acabaram por ainda não recuperar de todos os danos sofridos pelo vírus, uns acabaram por não voltar.

Apesar de alguns problemas causados serem irreversíveis, existem idosos que dizem sentir-se melhor, mesmo não tendo ainda voltado à normalidade.

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Maria de Fátima Sousa

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Maria de Fátima Sousa

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A dor em primeira pessoa

Rosalina da Costa tem 83 anos e em março de 2020 deixou de poder ir ao centro a que já estava familiarizada. Tudo mudou drasticamente para a vida de Rosalina. Os cabelos brancos e um rosto que por si só conta várias histórias.

A máscara já está mais normalizada e a dificuldade em andar é o maior desafio da utente do centro social de Romariz, Santa Maria da Feira. A cadeira de rodas é o seu meio de locomoção mais habitual, porém o andarilho ainda é possível ser usado por Rosalina.

Ainda que com as suas dificuldades, era uma senhora que conseguia ser autónoma na maioria das suas atividades do dia a dia. As idas à casa de banho necessitavam de auxílio, mas Rosalina da Costa sempre insistente na sua vontade de ter independência nas suas mais de 8 décadas de vida.

Em relação à sua idade, a utente diz que pretende chegar aos 100 anos, sempre “com alguma saúde e com a ajuda de Deus”. A religião está muito presente na vida de Rosalina, que reza o terço quase todos os dias da semana. Deus é quase sempre uma das menções nas frases ditas pela idosa. Como foi referido pela mesma, quando perguntada sobre o que achava da covid-19: “isto é uma praga que veio ao mundo, não sei porque é que isto está assim, Deus nos ajude”.

Ainda não entende inteiramente a razão de todas as regras impostas, como a de distanciamento social e todos os problemas associados ao vírus, mas desde que regressou ao centro social que cumpre todas as normas. O que se tornou mais problemático na vida de Rosalina em 2020 foi deixar de “ir ao centro e ir à missa todos os domingos”. O centro social de Romariz era onde encontrava as suas companhias para conversar sobre histórias que viveu, algo que gosta de fazer com todas as pessoas com que troca palavras.

O maior amparo de Rosalina durante toda a pandemia da covid-19 foi a sua nora, que a cuida carinhosamente até aos dias de hoje. Foi a sua única companhia durante meses, o que foi, nas suas palavras, “muito difícil estar sem as pessoas que tanto amo”. O sofrimento nas palavras de Rosalina da Costa é evidente quando fala do que tem passado nos últimos anos. “Nunca pensei ter de passar por isto, já passei por muita coisa na vida, mas isto é mesmo do pior”, declarou a idosa. Acrescentou ainda que acredita que a normalidade não irá voltar totalmente ou, se voltar, já não irá estar viva. Uma realidade relatada por alguém que já viveu bastante, mas mesmo assim ainda tem de passar por mais adversidades, como muitos outros idosos do país.

Hoje, a vida de Rosalina está pior. Já não se consegue mover com o andarilho e o recurso à cadeira de rodas agora é obrigatório para todo o dia-a-dia. Após ter estado infetada com o coronavírus, a sua saúde ficou ainda mais debilitada.

Apesar de todas estas dificuldades, esta idosa de 83 anos sente-se mais feliz por poder estar todos os dias no seu centro de dia e poder estar com pessoas que alegram o seu dia.

Uma lenta melhoria

A vida no Centro Social Paroquial de Romariz corre devagar, mas com alguma alegria que já não existia desde a propagação do vírus. Este é um local onde os idosos fazem atividades, jogos, exercício físico, alimentam-se e trocam ideias e recordações.

No documento "GUIÃO ORIENTADOR PARA A REABERTURA DA RESPOSTA SOCIAL", é ressaltada a importância dos centros de dia para a geração mais velha.

"A resposta social Centro de Dia assume-se como resposta fundamental para proporcionar bemestar social, físico-motor, psicológico, promovendo a autoestima das pessoas idosas. Para além do apoio direto prestado à pessoa idosa, estas respostas revestem-se de particular importância no apoio aos cuidadores, tendo em conta as realidades sociais que o envelhecimento apresenta e que se prendem com o aumento da dependência, o isolamento e eventual exclusão por barreiras sociais e físicas. Assim, a reabertura desta resposta social é fundamental."

Os idosos portugueses são desde a sua essência bastante sós e melancólicos, tendo muitos deles vivido na época do Estado Novo e tendo vivências de grandes dificuldades económicas e sociais. A pandemia complicou ainda mais este problema que é alarmante para a sociedade, já que, segundo o SNS, o sentimento de solidão aumenta com a idade, estimando-se que 70% dos idosos sofrem com a "ausência de contacto, de sentimento de pertença ou com a sensação de se estar isolado".

Este é um problema que precisa de ser ainda mais investigado e tratado com a maior brevidade. As doenças mentais são um grave fator para a perda da qualidade de vida, sendo tão importantes como as aptidões físicas.

Existe falta de toque, afeto, carinho e amor para com os mais velhos. O êxodo rural e a emigração contribuem para que existam idosos que têm pouco ou quase nenhum contacto social. Espera-se uma melhoria em todos estes aspetos e que haja uma maior preocupação sobre este tema.

As suas vidas já não são cheias de sonhos e desejos, mas todos podem ajudar a conceder-lhes um final mais feliz.

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