Red Bull Racing: A marca de bebidas energéticas que veio mudar a Fórmula 1

Atualmente campeã do mundo, em menos de duas décadas desde a sua fundação, a Red Bull Racing é já um dos grandes nomes lapidados na história da Fórmula 1. O sucesso de uma marca de bebidas energéticas no mundo dos gigantes do mundo automóvel não é um mero acaso…

Red Bull Content Pool

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A Oracle Red Bull Racing é uma equipa conhecida pelo seu espírito competitivo e inovador, que combina a uma abordagem enérgica e vibrante para o desporto. Com fortes investimentos em tecnologia de ponta, a formação austríaca tem trabalhado com algumas das mentes mais brilhantes da indústria para conceber carros vencedores que os guiem ao sucesso.

Christian Horner, antigo piloto britânico e atual diretor da Red Bull Racing, revelou – em entrevista para a revista Forbes que a organização “não tem medo de correr riscos e desafios”.  Uma abordagem romancista ao desporto que num espaço de cinco anos começou a colher frutos e continua a fazê-lo nos dias que correm. “O ADN da Red Bull está presente em todos os nossos parâmetros. Ultrapassamos os limites e gostamos do que fazemos”.

Desde a introdução dos novos regulamentos técnicos no início da temporada de 2022, a Red Bull disparou para mais uma série hegemónica, caminhando a passos largos para uma época absolutamente demolidora sobre a concorrência.

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O nascimento da Red Bull Racing

A inspiração para o surgimento da Red Bull na Fórmula 1 remete-nos aos anos 60 e à história de amor da população austríaca por Jochen Rindt – piloto alemão que, após os seus pais terem morrido num bombardeamento aliado durante a Segunda Guerra Mundial, foi morar com os avós para Graz, na Áustria, onde cresceu e começou a pilotar. Pelas cores da Lotus venceu seis Grandes Prémios e, em 1970, conquistou um Campeonato do Mundo de Pilotos. Tragicamente, nesse mesmo ano, Rindt vinha a falecer num acidente que ocorreu nos treinos livres do Grande Prémio de Itália, em Monza, tornando-se, até aos dias que correm, no único campeão póstumo da história da Fórmula 1. Para trás deixou uma enorme legião de apaixonados pelo desporto motorizado no país, entre eles Dietrich Mateschitz – fundador da empresa Red Bull – e Helmut Marko – amigo de infância de Rindt e que tal como o alemão também pilotou na Fórmula 1; atualmente é diretor e fundador da Academia de Pilotos da Red Bull.

Jochen Rindt - Autosport.pt

Jochen Rindt - Autosport.pt

Mateschitz foi um dos maiores visionários de marketing a nível mundial, expandindo a sua empresa e tornando-a um sinónimo de desportos radicais, em particular o automobilismo. Em 1995, fechou contrato de patrocínio com a Sauber e tornou permanente a decoração da Red Bull na grelha da Fórmula 1.

Dietrich Mateschitz - Red Bull Content Pool

Dietrich Mateschitz - Red Bull Content Pool

Com o decorrer dos anos, o empresário austríaco começou a pretender ter controlo total sobre as ações da equipa, algo que não lhe era concedido pela formação suíça. A lição era clara: se Mateschitz queria traçar o seu próprio rumo na Fórmula 1 precisava da sua respetiva equipa na competição.

Em 2004 – após cinco temporadas frustrantes com a Jaguar Racing, a sucessora da antiga Stewart, a Ford anunciou a sua retirada da Fórmula 1, colocando a equipa à venda por um simbólico dólar. Dietritch Mateschitz e Helmut Marko decidiram juntar forças e compraram a equipa, comprometendo-se a investir 400 milhões de dólares nas três seguintes temporadas.

Assim nasceu a Red Bull Racing.

“No início, a tendência dos rivais era de rebaixar e desvalorizar a Red Bull”, conta Sérgio Veiga, jornalista e atual comentador de Fórmula 1 na Sport TV. “Para muitos não passava de uma equipa de latas de bebida energética que tinha chegado para animar o paddock”.

No entanto, a primeira temporada superou as expetativas, com a Red Bull a apresentar resultados consistentes a meio do pelotão. Terminaram em sétimo lugar com 34 pontos, 24 a mais do que a Jaguar, sua antecessora.

As três seguintes temporadas foram desafiantes, com a equipa a enfrentar dificuldades em se estabelecer e alcançar resultados consistentes, mas em 2009 o potencial do seu carro finalmente “explodiu”.

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A busca incessante pela inovação

A paixão pelo desporto motorizado é o combustível que impulsiona a Red Bull Racing a alcançar grandes resultados e a superar desafios. A equipa valoriza o entusiasmo pela modalidade, procurando criar um ambiente de trabalho estimulante e empolgante para os seus pilotos, membros da equipa e adeptos.

A combinação do amor pelo desporto com o constante poder de reinvenção e busca incessante pela inovação esboçam a sua identidade. A equipa sedeada em Milton Keynes cria o seu próprio rumo, investindo significativamente em tecnologias avançadas e soluções criativas que potenciem vantagens competitivas. A equipa trabalha em direta colaboração com os seus parceiros e departamento técnico para desenvolver carros aerodinamicamente eficientes e de alto desempenho.

A equipa está constantemente focada em atingir a excelência, em busca vitórias e campeonatos. A cultura competitiva é alimentada por uma mentalidade de nunca se contentar com o segundo lugar, desafiando os limites do desporto.

"O segundo nada mais é do que o primeiro dos perdedores"
Ayrton Senna

Além desses princípios, a Red Bull também se destaca pela sua abordagem única de marketing, com vista a potenciar o entretenimento e atrair novos adeptos. A sua popularidade foi crescendo cada vez mais.

Os pilares para o sucesso

É verdade que são os pilotos que dão a cara e materializam os resultados de uma equipa na Fórmula 1, no entanto, o sucesso provém de toda uma estrutura de pessoas que desenvolvem e trabalham no carro por detrás das câmaras.

A Red Bull Racing possui uma estrutura organizacional complexa que abrange várias áreas de especialização como os departamentos de engenharia, aerodinâmica, logística, comunicação e gestão da equipa. Entre elas destacam-se três figuras: Christian Horner, Adrian Newey e Helmut Marko.

Christian Horner chegou à Red Bull ainda com pouca experiência nos grandes palcos. Assumiu, em 2005, o ambicioso projeto e com apenas 32 anos tornou-se no mais jovem chefe de equipa da Fórmula 1. Rapidamente, ele identificou que a equipa precisava de alguém que desenhasse um carro capaz de lutar pelos lugares cimeiros da classificação. E não havia ninguém melhor que o projetista britânico Adrian Newey para essa missão.

"Quando te acostumas a ganhar, é quase como um vício. Não queres perder isso... Queremos viver essa experiência outra e outra e outra vez"
Christian Horner via. Financial Times

“Bem antes de chegar à Red Bull Racing, Newey já era por muitos considerado uma lenda, um autêntico mestre da aerodinâmica”, conta Sérgio Veiga. O engenheiro foi a mente por trás dos campeonatos da Williams nos anos 90, bem como da McLaren que ofereceu um carro vencedor a Mika Hakkinen.

“O que estava a faltar era uma direção técnica clara. Adrian era o melhor a já ter passado pela F1, portanto, a questão era saber como o atrair para o nosso projeto", revelou Christian Horner em entrevista à imprensa britânica.

Helmut Marko não aparece tanto nas câmaras, mas com quase oito décadas de vida é ainda peça fundamental na engrenagem do sucesso da equipa. O austríaco é um especialista em recrutar jovens talentos através da sua Academia de Pilotos da Red Bull, que posteriormente ingressavam na Fórmula 1 pela equipa “irmã” (ou secundária) Toro Rosso, fundada em 2006 através da compra da modesta equipa Minardi.

Marko não faz questão de ser uma figura querida entre os adeptos e parece gostar de ser considerado um homem extremamente rigoroso. Para ele, ninguém está imune a críticas e a pressão é parte constante do trabalho dos seus pilotos. Foi assim que forjou dois dos maiores talentos que a Fórmula 1 já viu.

A era de Sebastian Vettel

Em 2009, a Red Bull decidiu promover Sebastian Vettel para o lugar de David Coulthard e o resto é história. Vettel já tinha mostrado rasgos de potencial futuro campeão do mundo, arrecadando uma pole position e uma vitória pela Toro Rosso, no circuito de Monza, em 2008.

A formação austríaca beneficiou das mudanças nos regulamentos e foi, portanto, uma das grandes sensações da temporada. Sebastian Vettel foi o responsável pela primeira vitória da Red Bull na F1, no GP da China, e arrecadou mais três vitórias ao longo da temporada. O seu colega de equipa, Mark Weber, somou outras duas.

Considerada por muitos como a melhor equipa do ano, a RB terminou a época em segundo lugar, apenas atrás da Brawn-Mercedes.

A temporada seguinte foi a primeira de grande sucesso para a marca. Ainda com a Renault como fornecedora de unidade motriz, a Red Bull atingiu a supremacia no desporto motorizado ao conquistar o Campeonato de Pilotos e Construtores. Sebastian Vettel superou o bicampeão Fernando Alonso, o seu colega de equipa Mark Weber e o piloto da McLaren, Lewis Hamilton, na última corrida da época em Abu Dhabi para se sagrar campeão do mundo aos 22 anos. É o piloto mais novo da história a vencer um campeonato de Fórmula 1.

Sebastian Vettel festeja com Helmut Marko, Adrian Newey e Christian Horner - GP Abu Dhabi - Red Bull Content Pool

Sebastian Vettel festeja com Helmut Marko, Adrian Newey e Christian Horner - GP Abu Dhabi - Red Bull Content Pool

Ele repetiu o feito nos três anos seguintes: 2011, 2012 e 2013. Durante esta época, Vettel e a Red Bull dominaram a categoria, com uma combinação poderosa de desempenho do carro e habilidade do piloto.

"Temos que nos lembrar destes dias. Não existem garantias de que eles vão durar para sempre"
Sebastian Vettel após vencer o Campeonato de 2013

A parceria entre Vettel e a Red Bull Racing foi marcada por muitas vitórias e momentos memoráveis e é hoje vista como uma das relações com maior sucesso na Fórmula 1.

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O fenómeno Max Verstappen

A partir de 2014, com o início da era dos motores híbridos, a Red Bull perdeu completamente o domínio para a Mercedes.

Consequentemente, Sebastian Vettel decidiu abandonar a Red Bull para rumar à Ferrari. Para o seu lugar entrou Daniil Kvyat, que nunca convenceu e deu lugar ao prodígio neerlandês de apenas 18 anos, Max Verstappen. Era o início de outra parceria de muito sucesso entre a formação austríaca e um piloto.

Desde o início do seu percurso na Red Bull Racing, Verstappen mostrou talento e velocidade combinados a um estilo de condução bastante agressivo. Logo na sua primeira corrida pela equipa, no Grande Prémio de Espanha de 2016, Verstappen fez história ao conquistar a sua primeira vitória na Fórmula 1, tornando-se no mais jovem piloto a vencer uma corrida na Fórmula 1, aos 18 anos e 228 dias.

Em 2021, Verstappen e a Red Bull Racing tiveram uma temporada notável, competindo de igual para igual com a Mercedes na disputa pelo campeonato. Verstappen mostrou consistência nos seus resultados e chegou à ultima corrida em igualdade pontual com o agora heptacampeão do mundo, Lewis Hamilton. Num autêntico golpe de teatro, Verstappen conseguiu "roubar" a liderança ao britânico na última volta e sagrou-se pela primeira vez Campeão do Mundo.

Hamilton congratula Verstappen - GP Abu Dhabi 2021 - Red Bull Content Pool

Hamilton congratula Verstappen - GP Abu Dhabi 2021 - Red Bull Content Pool

Com a introdução de novos regulamentos, que visam aproximar todas as equipas, do fundo ao topo do pelotão, e aumentar o número de ultrapassagens em corrida, a Red Bull voltou a dominar graças aos esforços feitos no desenvolvimento do carro, Verstappen voltou a vencer o Campeonato de Pilotos e a equipa voltou, nove anos depois, a conquistar o Campeonato de Construtores.

Max Verstappen renovou recentemente contrato com a formação austríaca até 2028 e promete dar seguimento a uma parceria triunfante.

Na presente temporada, a Red Bull venceu as sete corridas disputadas e, tanto equipa como piloto, caminham a passos largos para arrecadar ambos os troféus.

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https://www.redbullracing.com/int-en
https://www.redbullcontentpool.com/
https://www.forbes.com/sites/andyfrye/2023/05/05/horner-shares-secrets-to-oracle-red-bull-racingss-success/?sh=34320fdd2aba
https://www.ft.com/content/4a8cc389-2b98-434f-a16d-84fdb12183c7

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