
Sapadores Florestais CIMT
A sua importância para a sociedade

Sapadores Florestais - CIMT
Os Sapadores Florestais da CIMT (Comunidade Intermunicipal Médio Tejo), são constituídos por um conjunto de brigadas de Sapadores, que tem como área de intervenção a "Proteção Civil e Florestas".
O foco desta reportagem foi especificamente este conjunto de brigadas, porém os Sapadores Florestais de Comunidades Intermunicipais, de modo geral, têm as mesmas funções apenas altera a área de atuação. Sendo que é relevante referir que existem brigadas de Sapadores de Comunidades, ou seja, trata-se de função pública, mas também existem associações privadas de Sapadores.
Segundo o ICNF (Instituto da Conversação da Natureza e das Florestas), o Sapador Florestal "é um trabalhador especializado com perfil e formação específica adequados ao exercício das funções de gestão florestal e de defesa da floresta", perante o Decreto-Lei n.º 44/2020, de 22 de julho.
Sendo essa profissão regulamentada pelo diploma legal, Portaria n.º 90/2012, de 30 de março, para os devidos efeitos de inserção no mercado de trabalho.
As brigadas da CIMT estão inseridas na intervenção de "defesa da floresta contra incêndios e agentes bióticos", que está previsto no Artigo 6º do Regulamento do FFP, na alínea b), mais precisamente na sub-alínea i).
Desse modo, estas brigadas são determinantes a nível da instalação e manutenção da chamada rede primária e rede secundária de defesa da floresta contra incêndios, nas ações de consolidação e pós-fogo, como nas ações de estabilização de emergência. Esta informação encontra-se no site oficial da CIMT.
A nível das suas funções, um Sapador Florestal exerce as seguintes funções:
- Silvicultura preventiva;
- Manutenção e proteção de povoamentos florestais;
- Instalação e manutenção da rede primária de defesa da floresta contra incêndios, nas ações de consolidação e pós-fogo, bem como nas ações de estabilização de emergência;
- Sensibilização das populações para as normas de conduta em matéria de proteção florestal, nomeadamente no âmbito do uso do fogo, da limpeza das florestas e da fitossanidade;
- Vigilância, primeira intervenção e apoio ao combate a incêndios rurais, apoio a operações de rescaldo e vigilância ativa pós-rescaldo;
- Ações de estabilização de emergência que promovam a recuperação do potencial produtivo.
O Programa de Sapadores Florestais surgiu em 1999, sendo um instrumento da política florestal que pretende contribuir para a redução do risco de incêndios, bem como ajudar na valorização do património florestal.
No que consiste a profissão?
Segundo a profissional Ana Gomes, que tem como cargo técnica superior e líder das brigadas dos Sapadores da CIMT, trata-se de um elemento que trabalha ligado à floresta.
Existe uma distinção dos trabalhos que realização no inverno e no verão, no inverno é realizada a silvicultura (limpeza de terrenos, fogo controlado, etc.), ou seja, trata-se da prevenção aos incêndios. Já no verão é realizada a vigilância em pontos estratégicos, bem como o combate a incêndios e o rescaldo.
Estamos a falar de uma área transversal dentro da floresta, a profissional é licenciada em Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais, segundo a mesma a sua licenciatura foi mais voltada para a vertente de produção de madeira. Porém ainda existem mais vertentes dentro da floresta, como os próprios incêndios e a conservação. Desse modo esta profissão está voltada para estas três áreas.
O coordenador Ricardo Matos e o Sapador Florestal Marco Lino, afirmam que o trabalho que têm em campo é tudo o que foi referido anteriormente, prevenção de incêndios, combate de incêndios e ações de sensibilização.
Formação dos profissionais
Na CIMT os profissionais candidatam-se para a carreira da função pública, designada de assistentes operacionais, ou seja, a nível da designação dos seus cargos não aparecem como Sapadores Florestais, mas sim Assistentes Operacionais.
Hoje em dia existe a Força de Bombeiros Sapadores, esses sim são considerados Sapadores Florestais, porém estas brigadas não são consideradas muito devido ao nível académico e profissional exigido. Na Comunidade o nível de escolaridade obrigatório exigido é o mínimo o que permite a candidatura de qualquer pessoa.
Segundo a líder das brigadas a escolaridade obrigatória devia ser revista, refere que "os candidatos deviam ter um curso secundário ou o nível 5 ligado à floresta ou à Proteção Civil".
Eles trabalham com duas áreas como já referido, sendo que principalmente na área dos incêndios devia existir um conhecimento base por parte dos candidatos. Muitas vezes existem candidatos que não têm noção para o que vão, o que acaba por prejudicar o trabalho tanto deles como dos restantes, pois trata-se de um trabalho em equipa.
Após a entrada efetiva nas brigadas só podem exercer as suas funções após a formação base de sapador, sendo que antes do período crítico existe exercícios de simulação podendo ser com fogo real. Mesmo este ano estas brigadas participaram em uma formação europeia com fogo real, isto serve tanto para os trabalhadores recentes como para os mais antigos relembrarem.
Para além disso existem várias formações realizadas ao longo do ano tanto para relembrar e atualizar os trabalhadores mais antigos, como para dar conhecimentos novos aos recentes. Sendo que são realizadas por volta de 600 horas de formação para ficarem com o nível total de formações.
Carga horária
Tal como as funções alteram no inverno e no verão a carga horária também é alterada. No inverno eles têm a carga horária normal (7h de trabalho), já no verão têm de fazer várias vezes muitas horas devido aos incêndios.
Assim sendo, no verão é bastante desgastante, pois para além das horas que têm de estar nos incêndios ainda existe a deslocação que maior parte das vezes ronda entre 30 minutos a 1 hora. Normalmente costuma ser 12 horas de trabalho e 12 horas de descanso, apesar de estar perante a lei é desgastante.
É importante referir que não é visto como uma profissão de desgaste, o que leva a que na reforma isso não seja valorizado. A líder da brigada dos Sapadores reforça que existe um grande desgaste físico e psicológico sobretudo no verão.
Na entrevista a Ricardo Matos o mesmo refere que no verão a profissão exige muito dos trabalhadores. Sendo que a parte familiar também é afetada: "é bastante complicado conciliar o trabalho e a família, pois não existe um horário fixo e para quem tem filhos torna-se complicado estar com eles".
Por fim, Ricardo frisa que o desgaste psicológico depende de pessoa para pessoa, "para quem gosta da profissão e não tem medo não existe grande dificuldade, mas já para quem tem mais receio acaba por sofrer um bocado e isso acaba por afetar no seu desempenho".






A sua importância para a sociedade
Estamos a falar de uma profissão que tem um grande impacto para toda a população.
Segundo a profissional Ana, o impacto criado é sobretudo a nível da prevenção dos incêndios, isto engloba a silvicultura e vigilância. Transmite um maior alivio para a população sobretudo dos locais em questão.
Porém o combate aos incêndios bem como o rescaldo, também acabam por transmitir segurança. O rescaldo é uma atividade fundamental e imprescindível, que consiste numa parte integrante do combate ao incêndio e uma das fases mais importantes. Pretende assegurar que tenha sido eliminada toda a combustão na área ardida ou que, pelo menos o material ainda em combustão está devidamente isolado e circunscrito de forma a não constituir perigo. Após ser feito o rescaldo deve manter-se a vigilância sobre a área do incêndio, isto serve para que quando existir qualquer tendência de reacendimento seja eliminada de imediato.
Apesar de maior parte da população já saber do que trata esta profissão, de forma muito geral, ainda existe um grande desconhecimento o que leva a uma desvalorização deste trabalho de alto risco.
Segundo Ana a valorização por parte da sociedade ao longo dos anos tem vindo a aumentar, "vemos já bastante preocupação com estes trabalhadores por parte da população". O Sapador Ricardo afirma que "ainda não existe uma grande valorização, sendo que trata-se de uma profissão de grande desgaste físico durante todo o ano, bem como é necessário ter um grande nível de responsabilidade e formação para exercer este cargo".
Já entrando na valorização por parte do Estado e Instituição, é algo que devia ser melhorado, porém existe uma grande preocupação a nível da segurança dos trabalhadores (como por exemplo utilização de fardas e botas o mais adequadas para incêndios e a regular manutenção feita a todos os equipamentos utilizador).
É de frisar que o financiamento da CIMT é através do Fundo Florestal Permanente, o site oficial da Comunidade permite o acesso à ficha de projeto tanto da Brigada de Sapadores Florestais como do Equipamento de Proteção Individual.

O que pode melhorar?
Durante as entrevistas realizadas aos três profissionais foram referidos alguns aspetos que poderiam ser melhorados, no geral a questão monetária é a mais referida, que inclui os equipamentos disponíveis sobretudo para a parte da prevenção dos incêndios, os mesmos influenciam a execução do trabalhador.
Por outro lado também foi referido que a formação inicial dos elementos devia ser melhorada, pois é muito mais teórica sendo que a parte prática é fundamental. Bem como a preparação para a apresentação perante a sociedade deve ser revista.
Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra
Reportagem realizada no âmbito da Unidade Curricular de Jornalismo e Multimédia
Docente: Inês Amaral Discente: Bárbara Prates
